Como se dá a terapia na visão do terapeuta

02 abril, 2015

Compreender, exercitar nossos afetos e estimular o exercício e neste outro demandante à nossa frente, vivendo este engajamento na certeza da unidade de propósitos e de bem quereres: esta é nossa tarefa. Como fazê-la? É preciso olhar nosso paciente, não como uma patologia. É necessário o enfoque no que este outro, demandante, tem de melhor, aprendendo sobre sua vida, seus interesses, suas aptidões, sua forma de ser, seus engajamentos e laços afetivos, e é através de nossas lentes que conseguimos ao longo do trajeto terapêutico, apresentar ao paciente o que ele tem de melhor e por ele é totalmente desconhecido, uma terra estranha. É através desse exercício de empatia, de proximidade, de engajamento, que o paciente pode olhar com os nossos olhos e descobrir-se muito além.

​Esta refinada arte de tentar sentir o que o outro sente, de tentar ver além do que nos é proposto, de poder viver na integralidade da honestidade e transparência num autêntico engajamento emocional e curativo, nos é confiada por nossos pacientes, sedentos de compreensão, afeição e busca pela verdade.

​É-nos conferido o privilégio de podermos conferir e autenticar uma trajetória, cheia de desacertos, onde as vicissitudes da vida impuseram restrições, paralizações e desvios inoperantes. Somos os escolhidos por eles, nossos pacientes, para nos engajarmos nesta busca por um algo existente e maior. Somos beneficiados nesta tarefa, pois nos é confiado o que nunca foi ousado pensar em ser confiado a outro alguém.

​E para isto, precisamos ser reais. Reais em tudo que vivemos naquele contexto terapêutico. Reais no que sentimos, em como nos expressamos e na maneira que lidamos e vemos o mundo, e sobretudo, reais em como vemos nosso o paciente.

​E com eles precisamos apenas amplificar este “real” para suas vidas...

​Precisamos realmente viver esta relação que desponta à nossa frente, sendo honestos não só com conosco, mas com todo o contexto que estamos inseridos. E assim propiciar condições para os afetos virem e virem.

​Precisamos desenvolver em nós a habilidade e solidez de sermos portos, portos seguros, com cais para ancoragem e disposição para quaisquer eventuais tropeços e temporais que por ventura venham a querer nos desestabilizar e fazer com que caiamos na repetição, que ora nos foi apresentada nos relatos e vivências de nossos queridos companheiros de jornada.

​É uma tarefa árdua, mas altamente gratificante saber que vencemos, nós e o paciente, em uma causa em que a única condição básica para ambos é: sejam vocês, e deem de vocês todo o possível para um autêntico engajamento e aliança.

​E assim nosso trabalho continua... Na certeza de que o afeto, a sinceridade, a empatia, o apoio terapêutico e o aqui e agora são os elementos básicos para transformamos qualquer coisa, situação ou pessoa em portos seguros para outras pessoas em mundos diferentes.


“Aquele que tem um “porque” pode suportar qualquer ‘como’”.  Frederic Nietzsche
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